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Pinceladas para a eternidade – 500 anos de Rafael Sanzio

O ‘divino pintor’, gênio sensível, príncipe das artes, quase um Deus mortal. Todos esses títulos, provenientes de vozes espalhadas pelo mundo, são atribuídos a Rafael Sanzio, um dos maiores artistas do Renascimento. Há 500 anos de sua morte, as celebrações que levaram anos para serem preparadas na Itália foram suspensas em consequência da emergência Covid-19. Agora as obras repousam na escuridão, em salas climatizadas e, como todos nós, em uma longa espera durante esses tempos de distanciamento social. A mostra “é uma Bela Adormecida à espera do príncipe que irá despertá-la”, disse o presidente do museu romano, Mario di Simoni. A este ponto, porém, pouco importa se o príncipe chegará atrasado, pois as obras que nos foram presenteadas por Rafael são eternas.

No lugar de todos esses títulos, no entanto, dizer simplesmente ‘Rafael’ ou ‘Raffaello’, como é intitulada a mostra das Scuderie del Quirinale, em Roma, parece ser suficiente, já que ele pode ser facilmente reconhecido em suas obras. Os traços distintos das suas madonas com crianças, dos retratos de papas, cardeais e senhores do seu tempo, dos afrescos das salas do Vaticano e de tantos outros trabalhos que o tornaram famoso mundialmente, nos levam rapidamente ao mestre da pintura italiana, nascido em Urbino em 1943.

Filho do pintor Giovani Santi, Rafael foi influenciado pelo pai e muito cedo aprendeu as técnicas artísticas básicas. Com a morte de Santi, quando ele tinha apenas onze anos, o tio, sacerdote Bartolomeu, confiou sua formação ao pintor Pietro Vanucci, conhecido como ‘Perugino’. Em 1504, Rafael se transferiu para Florença e logo demonstrou vontade de conhecer Leonardo da Vinci e Michelangelo Buonarroti. Nesse período, ele pintou numerosos retratos, mais especificamente as madonas com crianças. No final de 1508, se mudou para Roma e recebeu do papa Júlio II a missão de concluir os afrescos nos apartamentos do Vaticano.

Mai do que nunca Rafael conquistava a admiração de todos e se tornava o artista mais requisitado da cidade. A pintura continuava sendo sua principal atividade, mas acabou cedendo espaço também para a arquitetura, estudada a priori para dar suporte à primeira. Foi como arquiteto que Rafael respondeu ao chamado do papa Leão X para substituir Donato Bramante, morto em 1514, na construção que marcaria para sempre a história da arquitetura, a Basílica de São Pedro, à qual se dedicaram também outros grandes mestres, como Michelangelo Buonarroti. Rafael morreu em 1520, com apenas 37 anos, e com ele extinguiu-se também o seu  projeto para a Basílica. Apesar de jovem, o ‘príncipe dos pintores‘, como é chamado por muitos, serviu de inspiração para diversos artistas nos séculos sucessivos, entre os quais Caravaggio e Salvador Dalí. [Fotos: auto-retrato de Rafael 1505-06, Uffizi, Florença (Raphael, Wikimedia Commons Public domain Mark 1.0). Detalhe da obra de arte “A Madonna Sistina” por volta de 1513-1514 (Raphael, Wikimedia Commons, Public domain Mark 1.0)]

Rafael Sanzio, mostras aguardam reabertura

As mostras interrompidas pela pandemia aguardam reabertura. Em Roma, a exposição ‘Raffaello 1520-1483′ reúne mais de 100 obas de arte provenientes de coleções e museus de todo o mundo. Somente a Galeria degli Uffizi de Florença contribuiu com cerca de 50 pinturas. A esperança é que a mostra com encerramento programado para 2 de junho, data limite para os contratos de empréstimo, consiga reabrir em tempo hábil. Enquanto se espera, a Galeria degli Uffizi preparou um tour virtual que pode ser acessado clicando aqui ou digitando a hashtag #RaffaelloOltrelaMostra. Outras comemorações serão reabertas na região das Marcas (Le Marche), onde nasceu Rafael, na Emília Romanha (em italiano, Romagna) e na Lombardia.

Não é somente a Itália a celebrar Rafael Sanzio. No Brasil, o Centro Cultural da Fiesp, em São Paulo, realiza a exposição Rafael e a Definição da Beleza’ com obras nunca mostradas no país provenientes de museus em Roma, Nápoles e Modena. Ainda em São Paulo, o Museu de Arte Moderna (MASP), conserva a única obra de Rafael que se encontra fora das coleções europeias e dos Esta

 

Unidos: a “Ressureição de Cristo, datada de 1502 e adquirida pelo museu em 1954. Também nos Estados Unidos, as comemorações estão em fase de espera. A National Gallery of Art, em Washington DC, celebra os 500 anos de morte de Rafael Sanzio com a mostra ‘Raphael and his Circle’, que no momento pode ser visitada somente no site da Galeria em um tour 3D.

Na Inglaterra, a National Gallery de Londres dedica uma grande mostra à Rafael. Com o título The Credit Suisse Exhibition: Raphael, a exposição será realizada de outubro de 2020 a janeiro de 2021 e irá expor mais de 90 obras provenientes de diversos museus como o Louvre, Vaticano, Uffizi e a Galeria de Arte de Washington. Em mensagem, o presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, externou seu sentimento: “o desejo é que as portas possam ser reabertas o quanto antes e que daquele espírito renascentista que tornou as obras de Rafael incomparáveis possa ser retirada a energia que precisamos para o recomeço da Itália e da Europa”. Com os meus melhores votos!

A “Madonna Sistina”, entre as pinturas  mais famosas de Rafael (1513-14). (Raphael, Wikimedia Commons Public domain mark 1.0)
“Il Trionfo di Galatea”, afresco de Rafael Sanzio, em torno de 1512, Villa Farnesina, Roma. (Raphael, Wikimedia Commons CC BY-SA 3.0)
“O Retrato do papa Júlio II”, 1511, National Gallery de Londres. Uma segunda versão datada de 1512 é conservada na Galleria degli Uffizi, Firenze. (Raphael, Wikimedia Commons  Public domain Mark 1.0),
“A Ressureição de Cristo”, 1501-02, conservada no Museu de Arte de São Paulo, Brasil. . (Raphael, Wikimedia Commons Public domain Mark 1.0)
“São Jorge e o dragão”,1505, National Gallery of Art, Washington, USA. (Raphael, Wikimedia Commons Public domain Mark 1.0)

 

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